sexta-feira, 20 de novembro de 2009

ADRIANA DE OLIVEIRA- VIDA E CARREIRA 1969-1990

Biografia
Vida pacata e início da carreira de modelo
Adriana de Oliveira nasceu e foi criada numa pacata travessa de Santo André, cidade industrial do ABC paulista, numa pequena família de classe média formada por ela, seu irmão Ivan e seus pais, Amélia e Nélson de Oliveira. Ainda na adolescência, ela se formou como Técnica em Processamento de Dados na vizinha cidade de São Bernardo do Campo, mas continuou levando a mesma vida tranqüila e normal, sem muito luxo nem grandes pretensões profissionais. Aos dezesseis anos, incentivada pelo irmão, Adriana procurou uma pequena agência de sua cidade e fez algumas fotos despretensiosas, a partir das quais começou a ser chamada para fazer pequenos desfiles e catálogos de moda. As fotos para uma campanha de Natal das lojas Mesbla tinham se tornado até então seu maior trabalho.
Com corpo e rosto indistintamente belos, mas uma beleza ainda em estado bruto, Adriana, então com 18 anos, foi chamada para se apresentar na agência de modelos Class, em São Paulo (uma das melhores agências brasileiras de então, filiada à Ford Models americana). Com seu book embaixo do braço, Adriana chegou à agência como uma garota típica de sua idade, vestindo roupas desgrenhadas e falando gírias tipicamente surfistas. No entanto, os agentes da Class viram na moça um imenso potencial e decidiram investir nela.
Sucesso intenso e meteórico
Com extraordinária beleza e dotada de medidas apropriadas para o mundo da moda (58 kg distribuídos em 1,73 metro de altura), a “Cinderela de Santo André”, como seria carinhosamente chamada, logo foi convidada a fazer definitivamente parte da equipe da Class. Seis meses depois, Adriana já era a modelo mais requisitada da agência.
Foi preciso apenas pouco mais de um ano para a carreira de Adriana tomar um rumo definitivo ao estrelato. Em 1989, ela venceu em primeiro lugar na etapa brasileira do concurso Supermodel of the World, e logo depois ficou entre as 12 mulheres mais lindas do planeta na final mundial, em Los Angeles. Em pouco tempo, Adriana teria seu rosto estampado em revistas do Brasil e do mundo e participaria de diversos desfiles, ensaios fotográficos e comerciais (Palmolive, Bob's, Pool, Mappin, Bis, Divina Decadência, entre outros). Com o sucesso, ela se tornou presença obrigatória em revistas como Nova, Máxima, Moda Brasil, Manequim,Cláudia, Faça Fácil, entre dezenas de outras publicações. Muito disciplinada, muitas vezes era flagrada sorvendo um iogurte e comendo uma maçã no intervalo entre uma sessão de fotos e outra, mesmo após horas em estúdio. Adriana era tida como exemplo de sucesso e profissionalismo e ferozmente disputada no mundo da moda — todos queriam tê-la como modelo. No fim de 1989, Adriana já tinha o melhor cachê publicitário do país em sua área, além de viagens marcadas para o Japão, Nova Iorque, Milão e Paris. Ela já tinha se transformado em uma mulher com uma carreira de milhões de dólares e estava pronta para se firmar como o "rosto dos anos 90".
Morte trágica por overdose
Adriana era uma jovem cheia de energia e gostava de aproveitar cada minuto de sua vida como se fosse o último. Na sexta-feira, 26 de janeiro, após sair de um casamento, mesmo sem ir se trocar em casa, ela decidiu aproveitar o pouco tempo que tinha do fim de semana em companhia do namorado Ciro de Azevedo Marques e dos amigos Dagoberto da Costa e Cláudia Bassaneto. O grupo então rumou para um sitio no interior de Minas Gerais.
Durante o final de semana no sítio Vale à Vista, em Ouro Fino, Adriana, junto com o namorado e o casal de amigos, começou a beber álcool e a usar drogas. Por volta das 14 horas do sábado 27, ela passou mal, caiu no chão e, sufocada, começou a se contorcer e a gritar. Nenhum de seus amigos conseguiu segurá-la em virtude da agitação e da enorme força que apresentou, mas com medo de levá-la ao hospital devido ao estado em que se encontravam, tentaram reanimá-la ali mesmo. Duas horas e meia depois, ao perceber que a modelo não melhorava, resolveram finalmente levá-la ao hospital de Ouro Fino com a ajuda de um vizinho que ouviu os gritos de Adriana e veio socorrê-la. A modelo já chegou morta ao hospital em virtude de uma parada cardiorrespiratória e, minutos depois, o médico finalmente constatou sua morte cerebral. Ela havia ingerido uma combinação fatal de cocaína, maconha, álcool e tranqüilizante Diazepan, substâncias que foram detectadas no seu exame cadavérico. O Diazepan é comumente encontrado em pílulas de emagrecimento.
Seu namorado e o casal acompanhante foram na época acusados de omissão de socorro, tráfico e tentativa de ocultar a verdadeira causa da morte. No sítio, foram encontrados um espelho quebrado (usado para cheirar cocaína) e tubos para aspiração do pó. Constatou-se, no entanto, que antes de a polícia civil chegar ao local, havia sido feita uma "limpeza" de outros vestígios. O processo jurídico da morte da modelo se arrastou por anos, foi arquivado e ninguém foi condenado.
Repercussão nacional
A morte trágica de Adriana de Oliveira, de apenas 20 anos, provocou grande atenção da mídia sobre o caso, bem como criou grande comoção na sociedade brasileira, em especial na paulista. A princípio, não se conseguiu entender como uma pessoa que tinha uma vida aparentemente tão cor-de-rosa poderia se envolver com drogas. Seu caso serviu como um grande alerta para o problema das drogas entre os jovens e é freqüentemente citado como exemplo do perigo que o uso de tais entorpecentes pode representar.
O comercial da marca Kibon — tirado do ar logo após sua morte — foi o último filmado pela modelo e estampava em horário nobre as telas de televisão em todo o país. A overdose interrompeu a vida de uma garota linda e cheia de sonhos, tida por todos como uma pessoa meiga, doce, brincalhona e cheia de ideais, além de muito profissional, e que aproveitava qualquer tempo livre para se divertir. Adriana adorava surfar, e não se importava em se aventurar, mesmo que isso significasse meter os pés na lama ou levar arranhões em trilhas no mato. Ela já fazia planos de abandonar a carreira em poucos anos, ainda no auge, e montar seu próprio negócio. Pouco antes de sua morte, a modelo havia feito fotos para duas revistas americanas e para a Vous canadense. Infelizmente, o destino quis que ela fosse lembrada para sempre assim, excepcionalmente bela e jovem.
Mesmo hoje, após quase duas décadas de sua morte, Adriana figura nas lembranças das muitas pessoas que a admiravam e que nunca entenderam o porquê de sua morte, assim como a de outras estrelas de renome, também ceifadas da vida por uma overdose, como River Phoenix, Elis Regina, Cássia Eller e Janis Joplin.
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eferências
Globo Repórter de 1º. de maio de 1990 (Videoteca da Rede Globo de São Paulo). Programa “O Caso da Modelo” (Adriana Oliveira), Duração: 38’. Sinopse: O caso da morte da modelo e o crescente uso de drogas pelos jovens brasileiros.
Revistas Veja, Manchete, Nova; jornais Estado de São Paulo e Folha de São Paulo; e vídeos do site YouTube.
comercias e entrevistas:

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